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domingo, 15 de abril de 2012

Utilização de células-tronco em Odontologia uma realidade bem próxima


Ex-discente da Associação Caruaruense de Ensino Superior, o Dr. Carlos Augusto Barbosa é um dos principais pesquisadores brasileiros na área
Bira Nunes / Assecom Asces

O pesquisador apresentou sua palestra sobre a utilização de células-tronco em Odontologia
Confira a entrevista do Portal Asces com o pesquisador.
Portal Asces - Quando foi que houve a confirmação da existência de células-tronco dentárias para a comunidade científica?
Dr. Carlos Augusto - Relatos sobre a existência das células tronco na área de odontologia é um pouco antiga, mas o uso destas células que chamávamos de mesenquimais indiferenciadas é bem recente. Sabíamos que existiam células que tinham a capacidade de regeneração. No entanto, o uso delas em específico para a engenharia tecidual vem sendo desenvolvido com mais intensidade a partir da última década, começando, em especial, a partir dos anos 90. Daí em diante, passamos a dominar a tecnologia da extração e de diferenciação, diminuindo os riscos de alterações que poderiam ser causadas pelo uso delas.
Portal Asces - Com a utilização das células-tronco pode haver mudanças no que se acredita em Odontologia?
Dr. Carlos Augusto - Em relação à pesquisa sim, muitos desses estudos ainda não são realidades clínicas. Existem muito mais perspectivas que realidades. Apesar de muitas publicações sobre esses experimentos, eles ainda são muito incipientes, então, quando falamos de células-tronco e tecidos dentários formados é muito mais perspectivas e potencialidades da utilização da técnica do que da realidade clínica.
Portal Asces - Qual é o grande desafio científico na utilização da engenharia tecidual?
Dr. Carlos Augusto - Formar um dente e ter sua utilização completa, no quesito de como vamos modular os processos biológicos e dar uma forma a esta estrutura. Já conseguimos formar isoladamente os tecidos, mas ainda não conseguimos fazer com que em conjunto eles (os tecidos) se comportem como um dente. Os estudos tendem a caminhar para a descoberta de um arcabouço ou uma estrutura sobre a qual esses tecidos sejam colocados e seja formada uma estrutura dentária com fins de utilização.

Portal Asces - Com o ritmo que estas pesquisas estão sendo feitas, em quanto tempo será possível a utilização dessa tecnologia?
Dr. Carlos Augusto - Acredito que em até uma década teremos grandes avanços nesse tipo de tecnologia e nesse sentido. Já conseguimos fazer os tecidos, com as tecnologias disponíveis, que ainda estão um pouco aquém das necessidades. Com o avanço da tecnologia, acredito, que muito em breve, estaremos usando estruturas dentárias adequadas advindas de processos com células-tronco para o uso de procedimentos em dentística e processos restauradores.
Portal Asces - Quais seriam as principais perspectivas da utilização de células-tronco na odontologia?
Dr. Carlos Augusto - Acredito que seria na relação de implantes, e grandes perdas ósseas. Traumatismos, tratamentos de doenças, osteoporose, etc. a tecnologia para isso.

Portal Asces - Quais os principais desafios e obstáculos para as pesquisas na área?
Dr. Carlos Augusto - Em primeiro, estão sempre as questões éticas. As fontes dessas células e como se devem caminhar os procedimentos. Em segundo, estão os problemas com a tecnologia. Você dispor de estrutura de tecnologia adequada, que inclui laboratórios, profissionais técnicos qualificados, tudo isso é importante ao trabalhar com células-tronco e por fim as mutações. Quando manipulamos células, existe todo um cuidado com todos os processos mutantes, ou de como vamos impedir que estas mutações venham a trazer muito mais prejuízos do que benefícios.
Portal Asces - O Brasil tem estrutura para se desenvolver e continuar liderando as pesquisas na área?
Dr. Carlos Augusto - Especialmente nos últimos três anos, as Agências de apoio e fomento à pesquisa que subsidiam esse tipo de pesquisa, têm investido bastante na qualificação e na liberação de recursos para a área. Estamos numa condição muito boa em relação ao cenário internacional. Não existe uma grande defasagem em relação aos países mais desenvolvidos, temos muitos pesquisadores brasileiros escrevendo publicações em genética no exterior. Acredito que com a seqüência de investimentos que estamos observando, até mesmo do CNPq, a tendência é que consigamos um padrão internacional muito importante para o desenvolvimento da pesquisa brasileira.

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